
Ao entrar em uma livraria charmosa, como a Travessa, podemos até não saber o que queremos, mas uma coisa é certa, sabemos o que não queremos.
O fato de estar ali, e não em qualquer outra livraria, já exclui as opções que você não quer. A iluminação é favorável, o cheiro é gostosinho, as pessoas são blasés e não há atendentes querendo lhe empurrar livros, até porque lá os livros se empurram.
Vagando pelas bancadas avistamos aquela capa. Não sei bem o que é, mas algo daquela capa exerce um poder magnético. O título é interessante e o autor.... bem, já ouvi alguem falar alguma coisa em algum lugar...
Então você leva o livro, a capa, o cheirinho gostosinho, a iluminação favorável e a certeza das coisas que você não gosta, mas que não correm o risco de cair em suas mãos, já que você está ali, na Travessa.
Você senta e flerta com sua nova aquisição por algum tempo, desfruta o ambiente. Mas o verdadeiro encontro se dará em casa. Todas as expectativas depositadas em um livro são concretizadas, ou não, em uma segunda-feira chuvosa, como a de hoje.
É quando você acende o abajur, um incenso, deixa Edith baixinho no ipod e leva ele pra cama.
Será que ele vai tirar seu sono? Será que vai te dar mais sono? E todo aquela sensação proveniente da condição de quando vocês primeiro se encontraram?
Não criar expectativas significaria uma não vida.
Não há como saber o que vai vir a ser,
o único jeito é deitar e folhear
e quem sabe,
com ele sonhar.