quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

ao sair, acenda a luz



o que deixou


Começa o roteiro
escolho o gênero romance
Ela o avista em um dos salões
Se encanta com o brasão marcado na pele
pertencia a uma família Céltica
Ela sempre sonhara pertencer
a uma família mitológica
Encontrou o desencontro
e amarrou seu burro
mais tarde precisaria dele para dar n’água
Viu o que só ela via
ouviu o que ele não dizia
e criou seu próprio veneno
Fã do livre arbítrio
Se intoxicou
Não agüentando o revertério das drogas
se mutilou, se declarou
Errou no personagem
Parou
Se concentrou
e o que restava de si
catou
recolou
Foi se consultar com Cartola
Que lhe disse para ver, procurar entender a situação em que estava
Não viva o roteiro
Lá você decide
Aqui você obide
Lá ele te quis
Aqui infeliz.
Para a personagem, não para você
Até parece que você quer morrer
Ouça-me bem amor, a vida não se pode roteirizar
Pense no que aprendeu e saia desse filme
que é só teu
O que Manoel de Barros há de te ensinar
É que o bom mesmo da vida
é inventar e reinventar


It's the end of the world as we know it

and i feel fine

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Auto-de-Natal


o menino de pés inchados

Mesmo antes de nascer, one must know o que aguarda por você.
Lá de Delfos já mandaram avisar que ou mata a criança ou ela os irá matar. A ordem não foi cumprida, o trágico se deu. Sem ordem de sair de casa, o pai foi o primeiro que morreu. A mãezinha, tadinha, com seu afeto exagerado, tornou-se para o filho um membro prolongado. O filho nada entendeu, quando percebeu que o reino não era seu. Não querendo mais um palmo enxergar, furou os próprios olhos, evitando um fim pior.

Parece loucura, mas é o normal.
O problema consiste em idealizar. não pode. não deve. não queira. Nem mesmo aqueles que parecem ideais.não são. são carnais.

O menino de pés inchados não pôde sequer escolher, foi tirado do lar, para mais tarde retornar.
Daria o exemplo, sem saber, ou mata a família ou ela mata você.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Os homens da minha vida, so far...


Começou com meu pai, hoje um fantasma. Minha mãe logo tratou de me elucidar “esse homem é o meu, saí pra lá”. Começou aí a saga de encontrar o homem por quem eu iria me apaixonar. Numa rápida transferência conheci sr. Von Trapp, ele era ainda melhor que meu pai. Ele cantava. Aos oito foi o príncipe Eric. Mas acabei desistindo, ele tinha um fetiche por sereias, não ia rolar. Depois foi o Kevin, um cantor de uma boy band. Mas comecei a duvidar de sua masculinidade (na verdade a concorrência era desleal, inclusivemente era mundial). Aí veio o Ferris Bueller, não tinha como, era muito sedutora a idéia de curtir a vida adoidado. RUPTURA.
Um dia, de bobeira, fui flertar com um tal de Stanislavski, aí fo-deu.
É como se todos os outros tivessem virado peça de museu.
Mas eu era muito novinha, não consegui alcançar o que ele queria me dizer. Aí fui no óbvio, corri que nem uma louca atrás do William. Foram os melhores sonhos que eu já tive em algumas noites de verão. Até acabar a inspiração, e eu fui procurar outro alvo pra me apaixonar. Fui até a Rússia namorar. Mas Anton era frio, chato. Passei uma semana na Romênia com Ionesco,mas era tudo muito absurdo demais. O Grotowski me chamou para sair, mas achei melhor não ir, era muita exaustão para meu pobre coração.
Pirandello me ligou, falou que tinha uma galera atrás de um autor, pra ir pra lá me juntar. Respondi que ia, mas peguei o trem errado. Acabei na França, onde conheci um lindo autor. Molière era seu nome. Muito engraçado, mas o que tinha de cômico tinha de avarento. Cansei. Percebi que só me restava a Alemanha, antes de voltar. Me enrabichei com Brecht, sabendo que não ia durar. O distanciamento dele me afastou e o nosso romance quase não durou. Voltei para casa de mãos abanando. Ao chegar no teatro percebi que o meu grande amor esteve sempre ali. Dioniso em alma e espírito. Eu não tinha mais que procurar, ele sempre estaria lá.
Agora sigo sem me preocupar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar.

...eu sei o que você escreveu no verão retrasado...


Baião de Um

Olha só esse menino
Que eu vou falá pra vocês
Tem os olhos mais lindos
Que me Deus já fez
Quando estou só com ele
não vejo o tempo passar
sempre sorridente

Por que ele não quer me beijar ?

Tá sempre sossegado
como quem não qué incomodá
Mas quando ta só comigo
não pára de falá
Me fazendo sorri, não posso mais agüentar
Mas o que eu não entendo

é porquê ele não qué me beijá!

Tem uma havaiana esquisita
De quem não sabe onde qué chegá
mas eu sei que um dia
ele vai encontrar
conhecido, amigo e sei mais o que lá
mas o que eu não entendo

é porquê ele não quer me beijar!

vem logo me beijar....

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

para ser lido no dia 17, ou seria 18?



Para uma alimentação saudável, seria essencial substituir o consumo de gorduras saturadas por monoinsaturadas, como é o caso do azeite - chave para uma saúde melhor.

Outros benefícios do azeite de olivia são:


· Ajuda a prevenir a chatosclerose e seus riscos;
· Melhora o funcionamento do coração, da piração e do pâncreas;
· Digere-se com maior facilidade do que qualquer outra baboseira discutível, não tem pudor e proporciona viagens a lugares poucos freqüentados pela mente humana;
· Acelera as funções cardíacas;
· Produz efeito protetor e tônico da epiderme; da cefáloderme e da cuoroderme
· Estimula o crescimento e favorece a absorção de afeto.


O azeite de olivia é o mais adequado para ser consumido tanto ao natural como em fritura de massa cinzenta. Em virtude de sua composição, o azeite de olivia mantém suas propriedades, mesmo nas sinucas mais apertadas. Uma fritura feita em azeite de olivia, na temperatura adequada, protege o ferido, mantendo suas propriedades e incorporando seus elementos positivos.
Por ser um óleo, tende a ser escorregadio. Objetos deixados perto do azeite sofrem grande risco de queda.


* Não há registros de overdose

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

kitsch, mas...

Ele chegou.
Só de pensar tenho aquela sensação. O frio que sobe pela minha linha dorsal. Vértebra por vértebra. A falta de fome. O friozinho na barriga. A vontade de ficar o dia inteiro deitada, esparramada.
Apaixonada estou, só porquê ele chegou.
Tudo fica mais lindo. Tudo faz mais sentido. parece que sou Imortal.
canto por aí, puxo papo com o porteiro, pago o preço abusivo da água de côco.
Perdi a vontade de brigar, quando ele chega eu só quero amar.
mas como tudo que é bom, ele tem seu fim.
Que bom! Não poderia aguentar 365 dias de pura pulsão.
Vou vivê-lo intensamente enquanto durar
Desejando que fosse eterna essa sensação
que me arrebata todo dezembro
quando chega o Verão.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Ratoeira.


Ele quer, eu não quero. Eu quero, ele não quer. Eu gosto de gato, ele gosta de rato. A gente adora brincar de gato e rato. Não tem mais graça. Antes eu era o gato, agora ele me faz de rato. E eu faço outro gato de rato que faz outra gata de rata. Então eu digo não. E é tão bom. Eu fico calma. Eu posso ter calma. Eu posso ser calma. Eu consigo dormir. Eu volto então a ser o gato. Pego aquele rato que era meu e o transformo em meu gato. E viramos um casal de gatos. Ele coloca de novo a rata que nesse momento já estava ascendendo ao posto de gata em seu velho lugar de rata. E não é nada bom. Eu fico chata. Nada mais tem graça. Eu sofro. Mas sou gata.

Aí chega o gato. Ele se enrosca nos móveis da casa, vêm de mansinho, sorrateiramente, como quem não quer nada, e dá o bote. A rata que tinha virado gata revira rata e prende o rabo na ratoeira. E é tão bom. Eu fico calma. Eu posso ter calma. Eu posso ser calma.
Mas não consigo dormir. Sou gato que não gosta de pique-pega. Só quero um gato que me faça sua gata. Seremos assim, um casal de gatos felizes e reprodutores.
(Azeite de Olivia)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Estrela quando nasce se esparrama.

Cadente
Passou sem deixar rastros.
Sem um bilhete
-alegou que não deveria não.
Saiu sem deixar
Telefone para contato
Orkut, e-mail ou celular.
Caixa postal
DesLigue ou estará
Sujeito à cobrança após o sinal.
Cobrança não.
Quero não.
Tudo bem.
Cadente
É estrela.
Dessas que não
se têm.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008


Hoje Ofélia morreu. Viva! Hoje a indiferença nasceu.
Parabéns!
“os outros” conseguiu
despedaçada a rosa
virou barato pout-pourri de banheiro
secou
a utopia acabou
Mas ainda há uma vontade louca de gritar
“Ei, esse não é o meu lugar
talvez distante, bem longe daqui
eu encontre paz, não me sinta bipolar
por acreditar em lendas campestres
como respeito, ética e fidelidade
ah, porque há coisas que só mesmo um ignorante pode aceitar
o socialismo
o catolicismo
a monogamia

e por favor
não comecemos com esse tal de amor
e como nota de rodapé
- pior :
os mais desprovidos de razão
nesse pardieiro de nação
ainda relutam em aceitar
(no megafone) final feliz não há –
pane no sistema
mas calma, ainda há uma solução
a lua foi loteada
pegue suas formigas
e mude para lá
o ar da lua há de te salvar

EgoTrip


Sem nenhuma pretensão de rimar, mas com a única intenção de me expressar, me exilar, me expurgar e me saravazá. Sim, atentados a norma culta ocorreram. Afinal contemporâneo é subversivo, não é mesmo? Não leve nada para casa, são apenas dejetos tecladiais.
E tenho dito.

Marina Provenzano
Do Exemplo o que tirar
O que limpar
Você me diz que na vida devemos optar
escolher
Não se pode fazer tudo, me diz você
não consigo entender
te ouvir
te respeitar
Se você mesmo não se põe nesse lugar
Pegue uma lupa, uma luva
e examine com atenção
Faça uma incursão
ao seu próprio umbigo
e há de perceber que o equívoco está em você
Pare de me cobrar
me metralhar
abaixe esse dedo
Pare com o terror
a santidade acabou
daqui para frente
na caixa vou levar
dizer é apenas falar
apontar é só um membro levantar
o meu erro é reflexo seu
a sua ansiedade é o erro meu
falar é fácil, difícil é dar o exemplo

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008



Em mais uma noite de excessos, numa vida desmedida, me encontro com uma sede insaciável.
Numa intensidade enérgica eu necessito me atirar. Me atiro e levo um tiro. Do lado esquerdo do peito.
ó.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

It's a long way

Uma gota
caiu
Ping
O relógio
marcou
Tac
A campainha
tocou
Bleng
O teclado
bateu
Tec
O pensamento
pensou. Passou
o tempo
passou.
Alguém sus
pirou
Ufa...

- Olivia Borges