quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Ratoeira.


Ele quer, eu não quero. Eu quero, ele não quer. Eu gosto de gato, ele gosta de rato. A gente adora brincar de gato e rato. Não tem mais graça. Antes eu era o gato, agora ele me faz de rato. E eu faço outro gato de rato que faz outra gata de rata. Então eu digo não. E é tão bom. Eu fico calma. Eu posso ter calma. Eu posso ser calma. Eu consigo dormir. Eu volto então a ser o gato. Pego aquele rato que era meu e o transformo em meu gato. E viramos um casal de gatos. Ele coloca de novo a rata que nesse momento já estava ascendendo ao posto de gata em seu velho lugar de rata. E não é nada bom. Eu fico chata. Nada mais tem graça. Eu sofro. Mas sou gata.

Aí chega o gato. Ele se enrosca nos móveis da casa, vêm de mansinho, sorrateiramente, como quem não quer nada, e dá o bote. A rata que tinha virado gata revira rata e prende o rabo na ratoeira. E é tão bom. Eu fico calma. Eu posso ter calma. Eu posso ser calma.
Mas não consigo dormir. Sou gato que não gosta de pique-pega. Só quero um gato que me faça sua gata. Seremos assim, um casal de gatos felizes e reprodutores.
(Azeite de Olivia)

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